sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Amor, ma belle, é fodido.

  “ um amor não pode pertencer a duas pessoas"




As cores do céu. O ritmo calmo do violão. A poesia espalhada no chão, interminada. Ausênte. Incensos de jasmins. Chás. Cores. Beijos. As coisas, tão bem organizadas pela sua mania boba- primeiro as cores, depois as letras- ainda continuam por aqui, junto com seu aroma citríco e doce, que tão logo não saira dos sofás, onde por pienguice bobas, assistiamos filmes, e você me criticava por chorar tão fácil.Você ria, eu amava. Ainda lembro - amor, doí tanto-  quando você pegava o violão e cantava Quero me encontrar, mas não sei onde estou Vem comigo procurar algum lugar mais calmo longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita tenho quase certeza que eu não sou daqui.Tua voz era rouca. A cidade sorria para nós, ingênuos diante do primeiro amor.Mas o amor, sempre temos que foder ele, porque é assim. Ele não é eterno, não foi feito para ser. Amor é diferente de viver. Você não era daqui.No tom agora, restou o sépia. Não é cor. Os dias, bem eles continuam a esperar algum livro teu, com uma carta, falando que vai voltar. Eu te esperarei. Sempre vou te esperar, só quero que saiba isso meu amor. O batuque, o sol, a poesia ainda continuam em mim, eu te amo.

obrigada por colorir meus dias, e que tua bagagem seja carregada de leveza. Um nova vida no Canadá, para sempre tua.

*Frase pertencente à Miguel Esteves Cardoso (O amor é fodido 1994)

domingo, 18 de setembro de 2011

Não tenho açúcar senhor

Sabe Zé, eu tinha que te escrever, tá doendo para porra todo esse amor abandonado. Descaso. Você sabe do que eu falo Zé, tá como naquele dia no bar da esquina onde a gente se encontrou, você cantava Tudo é bonito, tudo é maravilhoso, na voz daquele compositor baiano, você lembra. Mas não dá Zé, eu abro a janela, peço para ser doce , não é. Não consigo, não tenho açúcar. Fico aqui observando a paisagem, mas não  faço parte dela  Zé. Eu não sei mais o que fazer, agora já são três cigarros por dia, eu voltei a fumar, me desculpe. Só nessa semana eu perdi três quilos Eu pensei em morrer,  me assustei. Não quero mais morrer, eu quero a vida, mas como vou encontrar ela Zé? Você acha mesmo que minha alma vai continuar perdida nesse mar de almas normais? Não quero isso também Zé, sabe eu quero ser como aquele moço do escritório em que eu trabalhava, aquele Saul, lembra? Puta que pariu Zé, eu também queria ser como a moça que toca saxofone aqui perto, ela tem as mãos geladas, e parece ter amor Zé. Porra, eu falo de amor. Eu sei que o mundo está um caos, e eu fico aqui falando sobre amor com você, ele é importante, confia em mim. Love is all you need, All you need is love. Zé, não desista dessa carta, por favor, eu estou desesperado. Preciso de calma. É sobre leveza, Zé,  eu quero te falar sobre levezas . Eu queria ser leve, como as aves, mas não consigo, sempre sou pesado, carregado. Por favor, me ajude, doí muito tudo isso. Sabe, tenho me sentido muito sozinho também Zé, liguei e desliguei várias vezes a televisão e o telefone essa manhã, não tenho para quem ligar. Não tenho porque abrir as portas, ninguém quer entrar. Zé, não durmo bem há alguns dias, até meus sonos andam pesados, sinto saudades de Minas. Manda um abraço para mãe Zé, pede para que ela me desculpe pelo o abandono, e diga a ela que acho que desaprendi a viver. Zé, fico aqui escrevendo sobre a vida, e não consigo mais viver. Ando apenas observando Zé. Fale para o pai, que tenho saudades, que o sol uma hora sai, eu confio nisso. Zé, te cuida, por favor.