terça-feira, 3 de abril de 2012

Pra que tanto medo de amar?

Costumo dizer que minha vida é uma sucessão de erros, de cigarros pela metade, de gosto amargo fixado na boca. É mais ou menos, como aquela música de letra profunda, de poesia lenta, dolorida mas sincera, que lembra os versos de Manuel Bandeira que diz "eu escrevo como quem morre" Talvez seja este o problema que ocasionou os erros em minha vida: a sinceridade. Na verdade, o que eu sempre procurei, foi algo real para mim, será que isto é um erro tão grande assim? Não sou vítima, não me entenda mal meu caro amigo. Apenas digo que procurei muitas coisas amargas para mim, me apaixonei por pessoas porra loucas que como eu, também só estavam perdidas, e eu não os ajudei.Como podia ajudar alguém, quando meu objetivo, em todos os meios amores que vivi, foi me encontrar? Alias, este é outro erro. Sempre quero suprir, com outros, toda essa necessidade de ser entendida por alguém.Não quero que me ouça, que concordem comigo, eu só peço, por favor, não um meio sentimento, eu quero inteiro, completo. Quero me mostrar de verdade, com maquiagem borrada, e gosto amargo. Mas, e se meu gosto não for amargo? E se tudo isso, todo esse meu pensar, for apenas uma representação, uma resposta merecida a toda porra que passei e que ainda doí pra caralho.Eu ouço Cazuza, e por alguns minutos toda a porra da angustia passa, eu eu me sinto entendida. Por que não há pessoas sensíveis comigo? Eu sei que não sou a única assim, caralho, sei só de olhar nos olhos reconhecer olhares perdidos como o meu. Digo, reconheço pessoas perdidas, e sinto uma enorme vontade de cuidar, de acolher, abraçar e ficar junto por algum tempo, de verdade. Mas tenho medo, me perdoe sou humana, e por pior que seja reconhecer isso, não sou porra nenhuma do que pareço ser. Eu criei tudo isso, esse quarto perfeito de ângulos retos, e sem nenhum perigo para me salvar. Uma vida calma, planejada  e baseadas sobre pessoas sólidas e não porra loucas angustiados como eu, para não me perder, para não morrer declamando Manuel Bandeira. Você me entende. Eu não sou o que sou hoje, não aplauda minhas atuações, é mera representação de quem, segundo muitos, seria ideal para mim. Não sou ideal, e não quero ser. Quero apenas poder me mostrar frágil, poder poetizar sem que me deixem muitas marcas. Isto, na verdade sou apenas medrosa, de toda a porra que passei na vida, uma coisa eu aprendi: Machuque os outros antes que te machuquem, a melhor defesa é o ataque. Minha mão é gelada, e não ouço mais o saxofone perto de casa. Queria tanto uma alma leve, uma alma calma, e não algo de merda marcado por amores merdas, com gosto de bebidas forte e cigarros estrangeiros. Porra, será que esse amor, quando sincero, é mesmo capaz de salvar a gente?  Talvez, seja este meu objetivo, vomitar palavras sobre versos, como alguém, que  inocentemente batuca tentando fazer samba.