quarta-feira, 23 de maio de 2012

Improviso do amor-perfeito

"Não invejo às cigarras: também vou morrer de tanto cantar"
[Cecília Meireles]

Construo meu refugio, ausente de lágrimas declamo, hipocrítamente, a minha força.
Não olho para trás, vejo o sol, o horizonte, a face que me guia com promessas de boas-novas.
Anjos da noite adormecem, e eu sei que aos poucos me esvazio da vida.
Sei que os dias não são muitos, e que a solidão, meu amigo, está por vezes presente, como uma convidada inconveniente.
Tenho medos, todos temos não é verdade?
Abandono chás cobre as mesas, onde versinhos soltos, teimam em ficar.Ouço rimas, e como criança, deixo o sorriso escapar.
No meu reflexo no espelho, noto que o tempo passa, mesmo quando parece impossível eu me encontrar. Sinto que as palavras saem.
Me preocupo com o som, com o ritmo, do resto quero que as palavras saiam como samba, com significados próprios, e para cada um, único.
A minha vida, não encontra-se mais longe delas. Preciso das palavras para me sentir. Como um bêbado precisa de suas bebidas, eu sou consumida por lirismo das poesias.
Longe, na Biblioteca de Babel, por muito decidem nossa vida. E a cada passo, eu sei, me guiam para algo que temo.
As coisas ao meu redor adormecem, temo também ao sonho. Desejos tetos firmes. Desejo a passividade de um amor certo.A segurança. Uma alma bailarina.
Bailo, sem platéias, a minha procura.
Licores de menta.
Amores sem tormenta.
Por favor,
Que o outono, traga calmaria, e se não for pedir muito, um resquício de felicidade.