sábado, 18 de maio de 2013

a vida tem sempre razão

incenso de canela pelo chão, chá morno sobre a mesa.Uma frase antiga na cabeça, "um pouco de cor onde parecia faltar".Samba batucando em um ritmo intenso na rua de baixo.Saxofones sempre me lembram a Lygia.Lembro sempre de saxofones, tocados por uma mulher muito branca, de mãos frias, e solitária.Acredito que a solidão faça bem a quem é imenso.Solidão me lembra o mar, tão forte mas tão só.Sempre invejei a força das ondas, e os olhos de oceano não pacificos de algumas pessoas.Com voz baixa, a moça na janela começa a cantarolar calmamente, como um sabiá nas primeiras notas.As primeiras notas são tão graciosas. Dançam no ar, como pequenas bailaridas, com uma leveza que sempre tive inveja.Minha alma nunca dançou intensas liras, nunca alimentou-se do lirismo puro.Tento viver uma experiência metafísica. Tento me equilibrir sem o tripé, perdido durante 'G.H'.Lembro-me da sensação em cada linha, da realidade sentida entre um turbilhão de sensação. Digo a moça da janela -Encontre seu 'it'.Tento explicar o essencial, a alma sem amarras.Ela ri , sem graça, não me entendeu. Insisto - o 'it', um cavalo solto, um mar aberto, um coração leve.Por favor, me ouça.- Ela se afasta. Não me importo com tantas ausências. Desejo tetos firmes.Não quero perder minha alma no corredor.