terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Retrato do ausente.

Nesse vai e vem fodido da vida, o sons se misturam com os aromas e eu já me perdi em essência. Os rostos já não me dizem mais nada, e as aparências não me enganam mais.Minha mão já foi solta há muito tempo, e eu se quer percebi que minha perna trêmula não consegue sustentar meu copo. Eu estou perdida. A mão gelada deixa evidente minha agonia, não me resta nada a não ser pedir socorro. Algo novo há de vim. O que te faz feliz?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Retalhando carinho

Amor de ontem: Gá, ontem fui assistir "A vida segundo Tom", me lembrei tanto de você, naquela voz triste da Nara Leão, naquela força da Elis, naquela calma típica do Caetano.Senti saudades de você, da gente.Puts, fiquei me lembrando de você cantando "gosto tanto de você leãozinho...". Ah, lembrei de tanta coisa... Tanta coisa boa!
Amigo: Gabi você é muito legal, mas tem que parar de ser tão democrática.
Mãe : Filha, você sabe a capacidade que tem. É esse o lance que gosto na nossa família, sempre estamos juntos.
Eu para João: Ele se foi João, mas muita gente maneira ainda ficou. Temos que ser forte por eles, pela gente. Eu continuo aqui, estou do seu lado. [Em um dos momentos mais tristes do recém iniciado 2012]
Pai : Minha querida, ninguém está te cobrando nada, você não pode ser tão severa com você mesma [ durante crises de ansiedades e choro em inúmeras madrugadas]
Tio R. :  A Gabi é inteligente Gê, ela consegue.
Nunes: Você está feliz hoje? Sempre que te vejo você nunca parece totalmente feliz. Tem que parar de ser tão neurótica.
Eu para Matheus: Calma Má, não gosto do seu jeito de fazer drama por tudo. Estamos juntos. Somos eu e você contra o mundo, nada importa irmão.
Matheus: Gabi você é a mais feia de todas [na saudação do meu celular]
Avó paterna: Sabe Gê,  a Gabi fica falando que vai ir pra longe, eu duvido. Vocês são muito apegadas, não vão conseguir ficar longe uma da outra.
Eu para A.:  Ano que vêm que você estará na USP. Vou enviar cartas, porque quando formos escritoras vão fazer um livro só com nossas cartas.
A.: Você não vê, é isso que eles querem Gabi : te ver mal. Você tem que ser forte, surpreenda eles.
J .: Não entendo porque você sempre acha que para ter minha amizade precisa trazer livros e pudins ou ser magra e inteligente. Gosto de você, por ser você.
Yu: Eu gosto de falar essas bobagens só para te ver sem graça. Você não imagina como fica fofa sem graça.
Amor de ontem: Gá, quando a gente terminar a faculdade vamos morar com minha família em Fortaleza, lá não ter como não ser feliz [um semana antes de ir sozinho para Fortaleza]
Rosa: Gabi, como você tá linda. Eu te admiro tanto minha boneca, você não imagina a falta que faz aqui.
Flávia: Eu sempre vou falar isso pra você gabi gabi, só para você não fazer de novo.
Sabrina: É a pessoa mais carinhosa, uma super  mãe para o pessoal aqui [na revelação do amigo chocolate]
Eu para mãe: Dou razão para quem prefere o Matheus, ele é mais simpático que eu. Eu sei que sou chata e não consigo lidar com o carinho direito mas tenho preguiça de mudar isso.
Cego: Você está bem? Te liguei porque estava com saudades de ouvir sua voz.
Eu para Eti: Você e seu papo pequeno-burguês.
Eu para Marcos: Mar, eu sei que sou chata e tudo mais mas você sabe que eu curto pra caramba você.
Marcos: Ga, eu sei. Eu sinto falta de você, só quero que saiba disso.
Ana: Desculpa Gabi, eu juro que pensei que você estava dando comida para os cachorros [sobre explodir a cozinha, e ela continuar no computador]
Eu para meu baiano: Pode esperar, um dia ainda vou morar contigo em Vitória da Conquista, você vai ver. Vou ser a paulista mais baiana do Brasil. Vou comer acarajé todo dia.
Tia R.: Gabi, não adianta querer fingir, você é daquele tipo que estampa os sentimentos na cara.
“Vódrasta” Materna: Eu sei Gabi, que você não gosta muito de mim por causa da sua avó, mas eu gosto de você, sempre gostei. Quero muito que você seja médica, vai precisar cuidar do meu joelho.
Tia Z. : Mas Gê, como ela tá linda, que médica que vai ser. Desde pequena sabia que ela iria longe. A Gabi sempre foi aquele tipo de pessoa com a alma sem parada. Alma grande.
Luana: Chefinha, um dia vou ser como sua filha.
M.: Você ainda vai escrever um livro, vou te ver em citações. Você tem talento menina.
Eu para o mundo: Cansei de me importar.
Eu para Yu: Vê se não some, eu sempre amo/amei quando você me liga, assim, meio de surpresa.
Eti: Gá, você sempre foi minha irmã e você sabe disso.
Eu para a Eti: Irmã, sinto tanto sua falta, nos afastamos tanto ano passado. Quero muito te ver mais esse ano [na mensagem de ano novo ]
Victor: Bagy
Eu para Victor: Vá cata coquinho.
Tia M: Hoje a gente tava falando de você lá em casa, eu falei pra Bru que até com cara de médica você já tá. Estamos tão orgulhosos.
Bartô: A Gabi não é farofa, a Gabi é fina. Quem ficar com ela vai ter sorte.
Amor de infância: Nunca entendi porque você não diz “eu te amo”.
Eu para amor de infância: Eu gosto de você.
Tia P.: Gabilãao!
Eu para Mi: Amizade boa é assim, ficamos um baita tempo sem nos ver e a vida deu a volta. É para a gente ficar junta mesmo.
Vi: Você é inspiradora [no recado de fim de ano, durante uma aula]
Amor de ontem: Uma das coisas que mais admiro em você é sua força de vontade. Já percebeu que quando quer algo, você sempre consegue? 
Eu para amor de ontem: Nem tudo...  Eu já quis muito voar, sabia?
Lucas: Te espero na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,  minha querida.
Eu para amigas: É muito doce para pouco cú. Pires, Gabi.
Pai: Gabi, você é igualzinha a mim. Sempre tentando fingir não se importar com os outros, mas com você essa história não funciona. Você é primeiro os outros depois você.
Amiga: Não entendo você. Parece que sempre foge das pessoas.
Fer: Gabi, me faz tão bem falar contigo. Você tem esse jeito de querer cuidar da gente, parece até uma mãe.
Fer: ... e Gabi, sem eles não estaria publicando este livro [na dedicatória do seu livro]
Eu para Fer: Ás vezes chego à pensar que você é o único, que por descuido, deixei me conhecer de verdade. Outras vezes, você não sabe nem o que gosto de comer.
Eu para amigo: Vem logo me ver, já estou com tanta saudades [mensagem deixada no mural do seu quarto]
Amor de infância: Você sempre foi uma menina complicada, conseguia fazer tudo dar errado.
Bruno: Você lembra quando disse que não iriamos nos falar por muito tempo e que logo eu esqueceria  de você. Bem, eu acho que você errou.
Ryan: Baabi, vem desenhar comigo!
Eu para Renan: Eu lembro quando você era pequeninho, fui até Tapiraí para te carregar no colo, você era um bebe com bochechas enormes, precisava ver. Meu Deus, olha o tamanho que você tá, já estou ficando velha.
Renan: Se você não jogar bola com a gente, não é mais minha prima.
Ken:  Casa comigo?
Tia P: Você é muito caseira menina, precisa ir para baladas.
Eu para o mundo: Não suporto baladas.
Amigo: Você parece ser uma velha na forma de jovem. É tão nostálgica e década de 60. Não sabia que ainda existiam pessoas assim.
Amigo: Você sempre se esquiva quando perguntou coisas pessoais. Sempre muda de assunto. Mas espera, um dia vou descobrir o que você esconde.
Amiga: Eu não te conheço há muito tempo, mas eu vejo que além uma pessoa insegura, você é daquelas que nasceram com anjos dizendo o que fazer, como Drummond e Clarice.[Em uma mensagem linda e longa que me fez chorar.]
Eu para João: Ele é meu tio preferido, é dois anos mais novo que eu. Pena que ele não dá valor a isso.
Amigo: Estou convencido, porque você está convencida
Flávia: Adoro quando você dorme bem, fica bem humorada. Nunes: Pena que são poucas as vezes.
Amigas: Gabi, come!
Mundo: Gabi, come!!!!!
Tia B: Eu sempre estou rezando por você.
Eu para família: Pra mim família é a coisa mais importante, tenho um puta orgulho e carinho por todos.
Edna: Sempre senti que a Gabi era uma pessoa sensível. Você precisa orar muito por ela, é daqueles tipos que doa toda sua energia para os outros.
Pessoal do açougue: Não gosto do cheiro dos seus incensos.
Amigos: É o primeiro almoço que participamos ao som de Chico Buarque, Legião Urbana e Los Hermanos.

Inspirado no Momentos de Cristal.

É no final, tudo que vale a pena, são esses momentos que fi(n)cam.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cotidiano

                              “Quem lhe disse que eu era riso sempre e nunca pranto?”
 [Como se fosse a primavera, na voz de: Chico Buarque]

Você acorda, olha para o celular e vê que ainda faltam alguns minutos. Tenta fechar os olhos e dormir mais um pouco, não consegue. Fita o teto branco, e você de novo se percebe perdido. É pesado. Lá fora, há poucas luzes acessas. O ritmo ainda não começou, a vida parece sempre demorar um pouco mais para nascer na terrinha do interior. A cafeteira faz seu barulho habitual, e tudo volta a fazer sentido. Quando você encontra algo familiar, perde o medo de se perder dentro de si, e o caminho do quarto até a cozinha se torna de certo modo seguro novamente. Você muda o foco, vê de outra perspectiva. É só o barulho da cafeteira, mas é a sua terceira perna. Ela te faz encontrável por você mesma. Você se segura nela, mas o café é muito amargo. Você engole quente. Duas xícaras, sem açúcar. As coisas parecem fazer mais sentido quando vividas pura. Sempre se há a necessidade de encontrar a pureza, a essência das coisas, dos toques, dos gostos. O café vai perdendo o calor, e o aroma. Você se cansa dele e muda. Neste momento tem medo de se perder novamente, porque se perder é foda. Quando você se perde, encontra algo dentro de si que não conhecia. É assustador. E naquele momento só havia algumas paredes brancas, a sensação de loucura era evidente. As pessoas lá fora se moviam com sua terceira perna, algo que lhe dá segurança. Remete novamente em um lugar comum. Todos odeiam se perdem. Se conhecer. Você se aceita e pronto, não há a necessidade de se tocar. É foda. E assim você é apenas um meio você. Você tem sua terceira perna cara. E quando você perde ela é fodido. Você se acha louco, e lá fora todos parecem bem e você tá ai. Mendigando alguém para te ouvir, não é assim, você não vive de migalhas. É preciso algo inteiro. Calma. Você respira novamente, um inspirar lento para organizar seus pensamentos. Você é louco, todos só sabem falar isso sobre você. As coisas se tornam estranhas, até hoje de manhã eu tinha também minha terceira perna. Eu a tinha até o café. Mas agora eu sou um louco. Um louco lúcido. E todo aquele amor, aquele fodido amor, você percebe então que você também tinha o inventado. Inventou um amor para segurar sua mão. Amor sentimento, eu te digo meu amigo. Ele é inventado para te dar segurança, para culpar algo quando as coisas dão errados. Ninguém vive ou morre por amor, e quando cai não passam do chão. É bom se perder. Quando você joga sua terceira perna fora, você vê que é algo muito maior, e é bom. É heavy metal.  Mas não, você é só um cara, sentado no chão e ninguém vai te ouvir. Não te entendem, não insista. Atrás do muro, todos ficam felizes em ter sua terceira perna. Todos gostam de estar seguro. A cafeteira toca de novo, você apenas estava dormindo. 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Não tem título.

A chuva aumenta a intensidade a cada segundo, a cada gota que desce levemente sobre o telhado, e faz um barulho assustador. O silêncio lá fora me dá medo, porque eu o reconheço. É parecido com o que existe dentro de mim. Por muito tempo, fiquei a observando a luz azul da televisão ligada no mudo, que insistia em me mostrar imagens que eu não prestava atenção. Tiro o sapatos e permito me sentir por alguns minutos. É tempo de retiro, de calma. Há tempo ando muito ocupada, movendo-me como alguém sempre no automático. Vivendo no automático. Sempre me protegendo demais. Talvez esse seja um mecanismo criado para esconder a desordem e insegurança da minha natureza. Sinto que aqui dentro há apenas o vazio. Preciso de foco. Preciso me realinhar. Acender incensos de jasmim ou canela, ouvi uma Bossa calma e leve não me dá leveza. Escrever sobre leveza não me trás ela. Achava que viver era o mesmo que jogar. Você estuda seu adversário, aposta nos relacionamentos com maior possibilidade de dar certo, se torna flexível e se transforma em alguém o mais próximo do que esperam, e assim você evitaria qualquer tipo de sofrimento. Porque depois de alguns tombos você aprende que sofrer é algo realmente ruim. Você vê que o amor não acaba, ele diminui aos poucos e um dia ele se torna tão pequeninho, que é quase imperceptível. Mas a vida é fodida. Você não consegue ser sempre um bom jogador, uma hora as coisas viram, as probabilidades erram, e você se fode. Você cai e percebe que não há muitas pessoas no seu lado, e doí pra caralho. Então você pede uma bebida forte, e espera. Você resolve fingir não se importar, escolhe gostar da solidão. Mas não dá cara, isso é tudo mentira, ninguém gosta de solidão. Ela é a ausência de algo que já foi importante para você. Quando ela está presente é porque há um vazio no seu interior. Solidão é o vazio. Você tenta parecer alguém forte, mas por dentro dá tudo doendo muito, e não adianta não se importar com essa dor. Ela não desaparece. No escuro, quando você tira a mascara, nada mais faz sentido. Você se perde. Você vê que está sozinho. Grita, mas ninguém ouve. Não há ninguém lá fora. Ninguém quer entrar. É preciso aprender a se salvar. Não há mais crianças na casa, e o mundo cobra atitude.  E de repente, você fecha os olhos e deseja de novo ter sete anos. Imagina o sítio da vó. Tenta sentir o calor de um abraço, mas tudo é muito vago. O tempo andou apagando os rostos, os cheiros, os toques. Não adianta fugir de novo, você não tem mais sete anos, está na hora de encarar as coisas de frente. Mas agora, você só está ouvindo a chuva no sofá.