quarta-feira, 25 de julho de 2012

Peço licença para existir

Andei vagando tempo, perdida entre os segundos.Muda.Lembrei de um amigo.Ele me disse, em uma tarde em jovens tocavam desafinadamente Beatles e declamavam com intensa paixão Bandeira.Disse que eu era um espírito livre, daqueles que Nietzsche falava. Falou que o preço por isso era o de sofrer pra caralho na vida. Tenho tido mais silêncio nos dias, acendo incensos e peço que minha alma se aquiete.Ando recolhida, sinto que não pertenço a lugar algum - por que  alguns nascem assim? Pensei em escrever um livro, mas não venderiam muitas cópias.Talvez em um lugar distante alguém o encontrasse perdido e resolvesse dar como souvenir a um antigo amor, dizendo: "Alguém que pede licença para existir. Quanta angústia! Deve estar a procura de algo, que não encontra nem fodendo" E não, não me encontro nem fodendo.Minha mãe, com seu amor pela história me ensinou, dentre tantas coisas, a me apaixonar pelo tempo e esperar, talvez, o desfecho imutável do destino.Posso me permitir a confiar em um destino? Será o meu bonito?  Digo-me que sou feliz, e sou. Permita-me explicar: só não sou daqui. Quantos como eu sentem-se assim? Uma vez acreditei, que estava fadada a viver e que é foda, mas o amor, a calma, a estabilidade não poderiam servir em mim. Aos poucos, caminhando na rua recheada de amoras, torno-me pequena.Peço que não me observe mais então,  também tenho o direito de sumir;

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Porra de ausência

Sempre pensei que o tempo, essa perversa dimensão da realidade, de alguma forma me salvaria da alma quebrada que possuo.Noto que por fim trata-se apenas de mentiras.Continuo aqui fragmenta, você vê o que fez comigo amigo? Diante dos meses que prosseguem, percebo que mais do que nunca me apoio em farsas, em cavalos gregos.Sua saudade me consome e na inutil tentativa de poupar a vida, mato-me.Mato-me aos poucos em mesas de bares que poucos notam meus olhos, em doses que prometem-me a cura.Diante de anjos aproximo-me de você novamente, não te peço muito, apenas deixe-me ficar contigo para sempre?

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Improviso do amor-perfeito

"Não invejo às cigarras: também vou morrer de tanto cantar"
[Cecília Meireles]

Construo meu refugio, ausente de lágrimas declamo, hipocrítamente, a minha força.
Não olho para trás, vejo o sol, o horizonte, a face que me guia com promessas de boas-novas.
Anjos da noite adormecem, e eu sei que aos poucos me esvazio da vida.
Sei que os dias não são muitos, e que a solidão, meu amigo, está por vezes presente, como uma convidada inconveniente.
Tenho medos, todos temos não é verdade?
Abandono chás cobre as mesas, onde versinhos soltos, teimam em ficar.Ouço rimas, e como criança, deixo o sorriso escapar.
No meu reflexo no espelho, noto que o tempo passa, mesmo quando parece impossível eu me encontrar. Sinto que as palavras saem.
Me preocupo com o som, com o ritmo, do resto quero que as palavras saiam como samba, com significados próprios, e para cada um, único.
A minha vida, não encontra-se mais longe delas. Preciso das palavras para me sentir. Como um bêbado precisa de suas bebidas, eu sou consumida por lirismo das poesias.
Longe, na Biblioteca de Babel, por muito decidem nossa vida. E a cada passo, eu sei, me guiam para algo que temo.
As coisas ao meu redor adormecem, temo também ao sonho. Desejos tetos firmes. Desejo a passividade de um amor certo.A segurança. Uma alma bailarina.
Bailo, sem platéias, a minha procura.
Licores de menta.
Amores sem tormenta.
Por favor,
Que o outono, traga calmaria, e se não for pedir muito, um resquício de felicidade.



terça-feira, 3 de abril de 2012

Pra que tanto medo de amar?

Costumo dizer que minha vida é uma sucessão de erros, de cigarros pela metade, de gosto amargo fixado na boca. É mais ou menos, como aquela música de letra profunda, de poesia lenta, dolorida mas sincera, que lembra os versos de Manuel Bandeira que diz "eu escrevo como quem morre" Talvez seja este o problema que ocasionou os erros em minha vida: a sinceridade. Na verdade, o que eu sempre procurei, foi algo real para mim, será que isto é um erro tão grande assim? Não sou vítima, não me entenda mal meu caro amigo. Apenas digo que procurei muitas coisas amargas para mim, me apaixonei por pessoas porra loucas que como eu, também só estavam perdidas, e eu não os ajudei.Como podia ajudar alguém, quando meu objetivo, em todos os meios amores que vivi, foi me encontrar? Alias, este é outro erro. Sempre quero suprir, com outros, toda essa necessidade de ser entendida por alguém.Não quero que me ouça, que concordem comigo, eu só peço, por favor, não um meio sentimento, eu quero inteiro, completo. Quero me mostrar de verdade, com maquiagem borrada, e gosto amargo. Mas, e se meu gosto não for amargo? E se tudo isso, todo esse meu pensar, for apenas uma representação, uma resposta merecida a toda porra que passei e que ainda doí pra caralho.Eu ouço Cazuza, e por alguns minutos toda a porra da angustia passa, eu eu me sinto entendida. Por que não há pessoas sensíveis comigo? Eu sei que não sou a única assim, caralho, sei só de olhar nos olhos reconhecer olhares perdidos como o meu. Digo, reconheço pessoas perdidas, e sinto uma enorme vontade de cuidar, de acolher, abraçar e ficar junto por algum tempo, de verdade. Mas tenho medo, me perdoe sou humana, e por pior que seja reconhecer isso, não sou porra nenhuma do que pareço ser. Eu criei tudo isso, esse quarto perfeito de ângulos retos, e sem nenhum perigo para me salvar. Uma vida calma, planejada  e baseadas sobre pessoas sólidas e não porra loucas angustiados como eu, para não me perder, para não morrer declamando Manuel Bandeira. Você me entende. Eu não sou o que sou hoje, não aplauda minhas atuações, é mera representação de quem, segundo muitos, seria ideal para mim. Não sou ideal, e não quero ser. Quero apenas poder me mostrar frágil, poder poetizar sem que me deixem muitas marcas. Isto, na verdade sou apenas medrosa, de toda a porra que passei na vida, uma coisa eu aprendi: Machuque os outros antes que te machuquem, a melhor defesa é o ataque. Minha mão é gelada, e não ouço mais o saxofone perto de casa. Queria tanto uma alma leve, uma alma calma, e não algo de merda marcado por amores merdas, com gosto de bebidas forte e cigarros estrangeiros. Porra, será que esse amor, quando sincero, é mesmo capaz de salvar a gente?  Talvez, seja este meu objetivo, vomitar palavras sobre versos, como alguém, que  inocentemente batuca tentando fazer samba.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Quem dera eu pudesse viver até a primavera

Ando lendo muito, pensando muito, absorvendo muito tudo e todos. Abro páginas de Nietzsche, de Maiakovski, Drummond, Fernando Pessoa, Cecília Meireles, em busca de algo que me defina felicidade. Logo me assusto. Nietzsche morreu louco, Fernando Pessoa e Maiakovski eram dados a bebida, Cecília Meireles sofria de depressão crônica e Drummond tão infiel. Não, eles não poderiam me ajudar. Eram loucos e lúcidos demais para o amor, para a felicidade.
Penso demais. Eu sei que existe algo, há toda uma necessidade de querer e não querer em minha alma, que já definida por um grande amigo, como sem parada. Eu observo as pessoas, e me assusto, como podem ser tão manipuladas? Não há nada real, nada é verdadeiro, eu te digo meu amigo, é tudo fodido. Como sabe que é feliz, se ao menos sabe o que é felicidade? O que você sabe, meu caro, é o que os outros dizem que é felicidade. Sempre há essa necessidade de mentir para nós mesmo,de definir algo sem definição, de não querer se perder demais porque você quer ser encontrável. Nós sempre queremos ser encontráveis.Você não sabe o que é felicidade, ninguém sabe. E se ela não existir? E se tudo for um mera ilusão de carnaval, para continuarmos consumindo?
Sente-se meu querido, vamos conversar, tire as suas amarras e venha comigo.
Eu também não queria ser assim, mas tenho perguntas. Também quero encontrar alguém, solidão não é algo gostoso. Mas se eu fizer isso, estaria fazendo somente o que é plausível e o que seria sensato a mim mesma. Mas não sou sensata, e poucos me conhecem bem. Gostaria de ser sincera com alguém, de ser real, e não taxada como louca.
Me dê a mão, vem comigo, vai ser agradável para nós dois.
Caminho com muitos, mas poucos me encantam. Defeito meu, de certo. Eu tenho medo, medo de me perder em mim mesma, e não conseguir responder meus anseios. Medo de não encontrar o que todos encontram. Mas não, por favor, não me peça para viver de ilusões, de sonhos idealizados, eu quero, eu preciso, eu imploro por algo real. Eu quero ser real. Quero sentir a realidade. Mas o que é a realidade?As respostas aos nossos anseios? E se a realidade for uma ilusão? E se tudo que eu sinto, for uma mentira maior?
Mas por favor, se desejas caminhar comigo, não me caraterize como louca ou outra qualquer. Me salve dos meus anjos ou me entregue aos meus demônios.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Os lírios

Os dias já passam de forma diferente, não com inocência infantil, com a ilusão do amor. Hoje, eles têm outros sentimentos, se apoiam sobre novas perspectivas, algumas melhores, outras piores. A realidade é a vida é breve e eu continuo sem saber para onde ir. Vejo lírios e caminho sobre eles, tão frágeis que a todo vento me deixa trêmula. Os lírios são frágeis, mas foi tudo que consegui comprar. Os lírios são vermelhos, vermelho vida que forte como tal, impõe medo. Não sinto nada como vermelho lírio. Vejo-me mais calma. Não há oceanos não-pacíficos em meus olhos. Tanto procurei a calma, o não sentir mais nada do que segurança, que o encontrei. Não digo que estou sobre terrenos firmes, já lhe disse que caminho sobre lírios, leves, soltos e medrosos. Caminho prudente, sem pulsações fortes, ou liras soltas. Pensei que encontrar a calma, a calma da Bossa, a calma da Nara me faria feliz.Não que eu não esteja feliz com meus lírios, alias estou.Espere, como digo que estou feliz, se ao menos sei o que é felicidade.Você consegue definir felicidade para mim ? Me transfiguro, não sei que eu sou, só respondo "eu" quando me perguntam. Mas hoje peço, na verdade imploro, para algo me tirar dessa sensação de inercia, para me devolver as cores, e tirar-me os lírios.Seria eu ingrata com os lírios? Mas me salva dos lírios? Tira-me eles, talvez eu queira agora, ou sempre quis, não caminhar sobre nada. Caminhar sobre as nuvens.Tudo é tão confuso, e os lírios tão frágeis. Eu preciso ser prudente, não quero machucar os lírios, não quero me machucar. A queda, depois de um período de estabilidade, de calma, e de não sentir nada, será deveras dolorida. Eu me perco, e isso é foda. Será que é desonrado da minha parte, deixar os lírios e me apaixonar por outras flores? Sou apenas covarde, porque os lírios, meu caro, são confiáveis? Tenho medo que não me entenda, mas não sei se quero ao certo me mostrar entendível. .

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Eu quero me salvar.

Há gritos indescritíveis em mim, que me habitam e me salvam da mais imensa solidão. As palavras, nesta pausa, deixam de ser poesia e ritmo e se restringem a apenas desabafos.Elas se fecham e sufocam. Formam quadriláteros perfeitos, da mais pura agonia. Impossível não fixar o olhos em algum ponto indeterminado, erguer a cabeça e demostrar uma força que não tem, tentando, em  um ultimo grito, se salvar.Será que terei que aceitar a viver assim para sempre? Me salvando de mim mesma, e não ganhando nada mais que migalhas?  Há a necessidade de sinceridade, de algo real. Na janela, o chá perde o aroma e o seu tom. Sentada na varanda, com o charuto habitual, é possível se ouvir o som no qual o  verso repete, na voz rouca de Maysa :  "não devo me importar com a opinião de quem nada sabe... ". Naquele momento não houve sons de violino e nem dor. O coração  diminuiu a sua pulsação, e a vida escapou entre as mãos. O vermelho vida, se ofusca, lembrando que ela é breve.A morte só é o espaço para que se torne possível (re)nascer.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Irritando

Café muito doce | Café com açúcar | Café gelado | Não conseguir me abrir com ninguém | Pessoas alegres demais | Pessoas forçadas | Não conseguir dormir minhas oito horas diárias | Não ter tempo para fazer o que eu quero | sequência de livros não terminados e filmes pela metade |  Responsabilidade | Vendedores de departamentos | Ser muito explicativa | Comida muito doce | Jogo de interesses | Pessoas que se preocupam mais com o status do que com qualquer outra coisa | Arnaldo Jabor | Sorvete de chocolate | Chocolate branco | Me iludir demais | Esperar demais | Ser ciumenta demais | Aparências | Pessoas inteligentes demais | Frases aleatórias  | Aula de química com o professor novo | Demora para responder no MSN ou SMS | Pouco caso| Desinteresse | Gente fútil | Tempo muito quente| Doente disputando com o outro para ver quem está mais doente | Que me façam explicar alguma coisa muitas vezes | Que não prestem atenção quando falo | Que não acredite em algo que digo com muita convicção  |  filmes americanos, em grande parte | Quem diz que Bossa é last week | Lugar muito cheio e barulhento | Minha mania de prestar atenção em conversas alheias| Quem faz de tudo para chamar a atenção | banalizar algo que para mim é importante | Banalizar o sofrimento alheio | Quem desiste muito fácil. | Quem só sabe reclamar | café com leite | Celulares tocando| sertanejo em geral |  Devolverem a caixa de leite vazia para geladeira | Trocarem minhas coisas de lugar | Pessoas que bebem para fazer merda |Beber demais, fumar demais, gírias demais | Conversarem tocando em mim | fast food | Menosprezar o Brasil | Preconceito | Piadas com o oprimido | Achar que tudo sempre vai dar errado |  Falsidade | Moda Caio Fernando e Lispector que nunca acaba |  Semana de provas | Segunda fase de vestibulares | Relações superficiais | Distância | Ser possessiva | ser inconstante | Minha insegurança | Piadinhas do tipo " nossa como você fala " com quem está calado | Muito mimimi | Gente idiota que guia-se por esteriótipos | Quem não sabe o que fala | Quem só sabe criticar | Trabalho nos fins de semana | Fuvest | Sentir saudades do passado quando se sabe que é impossível voltar | Pessoas bonitas demais | Chás morno | Reclamações sobre o cheiro do meus incensos | Minha mania de tentar descobrir detalhes tolos onde não é |  Sertanejo universitário | Xuxa, Gugu, Faustão | Quem não tem coragem de ser quem realmente é | músicas altas | Tipos | Meus amigos  longe | Caboclos que se acham ingleses | Falta do que falar | não entenderem quando estou brincando ou falando a verdade | ser dependente de algo/alguém | gostar de alguém. 


todas vieram para acompanhar as do irritando remova

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Love is all you need !

Quero mais romantismo, mais música calma, olho no olho, danças com o pé no chão. Quero mais flores, chocolates e bilhetes na agenda. Quero menos pormenores, mais abraços, mais sorrisos. Quero o friozinho de POA a cada abraço. Quero bossa nova de novo em mim. Quero ouvir Chico só para me lembrar de uma frase. Quero mais medo, mais atitude, mais amor. Quero o ciumes bobo, a mão quente, a mensagem de texto.  Quero mais amor. Quero realidade. Quero fidelidade. Quero a euforia do carnaval, e a calma dos dias ensolarados. Quero mais conversas longas, mais preocupação, mais verão.

"Liberdade na vida é ter amor para se prender"
        [Fabrício Carpinejar]

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

São tempos difíceis para os sonhadores

E na solta corda do tempo, 
eu me perco, 
eu me sinto.
De onde eu venho não há certezas.
E eu volto, 
Um dia eu conto o que vi.

É quase um por do sol amarelo. Uma coisa simples, julgada por muitos como pouco importante. É um suar das mãos a espera de um telefonema. São as jujubas da praça. O caminho sendo escrito, passo a passo. É o primeiro beijo, o primeiro amor. A roça. Andar descalços toda hora. As coisas mais simples, e mais lindas.

É bilhetes trocados entre aulas e escondido no caderno. É sorvete na tarde de domingo. Tocar violão para alguém. Ligações inesperadas. É ouvi dizer: Hoje me lembrei de você. É um abraço apertado. Um livro de Gabriel Marquez. Uma poesia cantada entre sorrisos. É a insegurança na troca de olhares. O carinho diário.
A preocupação.

É experimentar a solidão em conjunto. É fazer piada sem graça. A leveza dos pássaros que as vezes brota na gente. Observar a água caindo calma. Se encantar diante do fluxo na vida. Agradecer por ter convido com alguém. É amar e ser amado.

É o conforto que vem de gestos simples. A bobagem dita. O almoço em família. O natal. É ter o que comemorar. O coração desenhado há anos atrás. Os sonhos sonhados. O gosto de goiaba roubada do quintal vizinho. O andar sem jeito de um cavalo. As ondas chegando junto da praia.

É a viagem inesquecível.Chico Buarque no som. Letras que dizem sobre sua vida. Letras que lembram pessoas. É o ciúme bobo, questionável. A vontade de se tornar alguém melhor. A segurança e insegurança que nascem do nada. As perguntas fora de hora. A brincadeira de corda.

O doce, muito doce. Os fragmentos que nos marcam. O não conseguir ficar brava, nem por um segundo. São os medos compartilhados. As alegrias também compartilhadas. O medo de não ser suficiente. Fazer papel de tola. Uma peça dos clows de Shakespeare. Um filme preto e branco. Citações de Glauber.

É a alegria, que às vezes vem de leve. Há flores em mim, a primavera já chegou! As águas de Janeiro me deixaram, não o bastante,  mas o suficiente para continuar caminhado.


Caminha comigo? 

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Retrato do ausente.

Nesse vai e vem fodido da vida, o sons se misturam com os aromas e eu já me perdi em essência. Os rostos já não me dizem mais nada, e as aparências não me enganam mais.Minha mão já foi solta há muito tempo, e eu se quer percebi que minha perna trêmula não consegue sustentar meu copo. Eu estou perdida. A mão gelada deixa evidente minha agonia, não me resta nada a não ser pedir socorro. Algo novo há de vim. O que te faz feliz?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Retalhando carinho

Amor de ontem: Gá, ontem fui assistir "A vida segundo Tom", me lembrei tanto de você, naquela voz triste da Nara Leão, naquela força da Elis, naquela calma típica do Caetano.Senti saudades de você, da gente.Puts, fiquei me lembrando de você cantando "gosto tanto de você leãozinho...". Ah, lembrei de tanta coisa... Tanta coisa boa!
Amigo: Gabi você é muito legal, mas tem que parar de ser tão democrática.
Mãe : Filha, você sabe a capacidade que tem. É esse o lance que gosto na nossa família, sempre estamos juntos.
Eu para João: Ele se foi João, mas muita gente maneira ainda ficou. Temos que ser forte por eles, pela gente. Eu continuo aqui, estou do seu lado. [Em um dos momentos mais tristes do recém iniciado 2012]
Pai : Minha querida, ninguém está te cobrando nada, você não pode ser tão severa com você mesma [ durante crises de ansiedades e choro em inúmeras madrugadas]
Tio R. :  A Gabi é inteligente Gê, ela consegue.
Nunes: Você está feliz hoje? Sempre que te vejo você nunca parece totalmente feliz. Tem que parar de ser tão neurótica.
Eu para Matheus: Calma Má, não gosto do seu jeito de fazer drama por tudo. Estamos juntos. Somos eu e você contra o mundo, nada importa irmão.
Matheus: Gabi você é a mais feia de todas [na saudação do meu celular]
Avó paterna: Sabe Gê,  a Gabi fica falando que vai ir pra longe, eu duvido. Vocês são muito apegadas, não vão conseguir ficar longe uma da outra.
Eu para A.:  Ano que vêm que você estará na USP. Vou enviar cartas, porque quando formos escritoras vão fazer um livro só com nossas cartas.
A.: Você não vê, é isso que eles querem Gabi : te ver mal. Você tem que ser forte, surpreenda eles.
J .: Não entendo porque você sempre acha que para ter minha amizade precisa trazer livros e pudins ou ser magra e inteligente. Gosto de você, por ser você.
Yu: Eu gosto de falar essas bobagens só para te ver sem graça. Você não imagina como fica fofa sem graça.
Amor de ontem: Gá, quando a gente terminar a faculdade vamos morar com minha família em Fortaleza, lá não ter como não ser feliz [um semana antes de ir sozinho para Fortaleza]
Rosa: Gabi, como você tá linda. Eu te admiro tanto minha boneca, você não imagina a falta que faz aqui.
Flávia: Eu sempre vou falar isso pra você gabi gabi, só para você não fazer de novo.
Sabrina: É a pessoa mais carinhosa, uma super  mãe para o pessoal aqui [na revelação do amigo chocolate]
Eu para mãe: Dou razão para quem prefere o Matheus, ele é mais simpático que eu. Eu sei que sou chata e não consigo lidar com o carinho direito mas tenho preguiça de mudar isso.
Cego: Você está bem? Te liguei porque estava com saudades de ouvir sua voz.
Eu para Eti: Você e seu papo pequeno-burguês.
Eu para Marcos: Mar, eu sei que sou chata e tudo mais mas você sabe que eu curto pra caramba você.
Marcos: Ga, eu sei. Eu sinto falta de você, só quero que saiba disso.
Ana: Desculpa Gabi, eu juro que pensei que você estava dando comida para os cachorros [sobre explodir a cozinha, e ela continuar no computador]
Eu para meu baiano: Pode esperar, um dia ainda vou morar contigo em Vitória da Conquista, você vai ver. Vou ser a paulista mais baiana do Brasil. Vou comer acarajé todo dia.
Tia R.: Gabi, não adianta querer fingir, você é daquele tipo que estampa os sentimentos na cara.
“Vódrasta” Materna: Eu sei Gabi, que você não gosta muito de mim por causa da sua avó, mas eu gosto de você, sempre gostei. Quero muito que você seja médica, vai precisar cuidar do meu joelho.
Tia Z. : Mas Gê, como ela tá linda, que médica que vai ser. Desde pequena sabia que ela iria longe. A Gabi sempre foi aquele tipo de pessoa com a alma sem parada. Alma grande.
Luana: Chefinha, um dia vou ser como sua filha.
M.: Você ainda vai escrever um livro, vou te ver em citações. Você tem talento menina.
Eu para o mundo: Cansei de me importar.
Eu para Yu: Vê se não some, eu sempre amo/amei quando você me liga, assim, meio de surpresa.
Eti: Gá, você sempre foi minha irmã e você sabe disso.
Eu para a Eti: Irmã, sinto tanto sua falta, nos afastamos tanto ano passado. Quero muito te ver mais esse ano [na mensagem de ano novo ]
Victor: Bagy
Eu para Victor: Vá cata coquinho.
Tia M: Hoje a gente tava falando de você lá em casa, eu falei pra Bru que até com cara de médica você já tá. Estamos tão orgulhosos.
Bartô: A Gabi não é farofa, a Gabi é fina. Quem ficar com ela vai ter sorte.
Amor de infância: Nunca entendi porque você não diz “eu te amo”.
Eu para amor de infância: Eu gosto de você.
Tia P.: Gabilãao!
Eu para Mi: Amizade boa é assim, ficamos um baita tempo sem nos ver e a vida deu a volta. É para a gente ficar junta mesmo.
Vi: Você é inspiradora [no recado de fim de ano, durante uma aula]
Amor de ontem: Uma das coisas que mais admiro em você é sua força de vontade. Já percebeu que quando quer algo, você sempre consegue? 
Eu para amor de ontem: Nem tudo...  Eu já quis muito voar, sabia?
Lucas: Te espero na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,  minha querida.
Eu para amigas: É muito doce para pouco cú. Pires, Gabi.
Pai: Gabi, você é igualzinha a mim. Sempre tentando fingir não se importar com os outros, mas com você essa história não funciona. Você é primeiro os outros depois você.
Amiga: Não entendo você. Parece que sempre foge das pessoas.
Fer: Gabi, me faz tão bem falar contigo. Você tem esse jeito de querer cuidar da gente, parece até uma mãe.
Fer: ... e Gabi, sem eles não estaria publicando este livro [na dedicatória do seu livro]
Eu para Fer: Ás vezes chego à pensar que você é o único, que por descuido, deixei me conhecer de verdade. Outras vezes, você não sabe nem o que gosto de comer.
Eu para amigo: Vem logo me ver, já estou com tanta saudades [mensagem deixada no mural do seu quarto]
Amor de infância: Você sempre foi uma menina complicada, conseguia fazer tudo dar errado.
Bruno: Você lembra quando disse que não iriamos nos falar por muito tempo e que logo eu esqueceria  de você. Bem, eu acho que você errou.
Ryan: Baabi, vem desenhar comigo!
Eu para Renan: Eu lembro quando você era pequeninho, fui até Tapiraí para te carregar no colo, você era um bebe com bochechas enormes, precisava ver. Meu Deus, olha o tamanho que você tá, já estou ficando velha.
Renan: Se você não jogar bola com a gente, não é mais minha prima.
Ken:  Casa comigo?
Tia P: Você é muito caseira menina, precisa ir para baladas.
Eu para o mundo: Não suporto baladas.
Amigo: Você parece ser uma velha na forma de jovem. É tão nostálgica e década de 60. Não sabia que ainda existiam pessoas assim.
Amigo: Você sempre se esquiva quando perguntou coisas pessoais. Sempre muda de assunto. Mas espera, um dia vou descobrir o que você esconde.
Amiga: Eu não te conheço há muito tempo, mas eu vejo que além uma pessoa insegura, você é daquelas que nasceram com anjos dizendo o que fazer, como Drummond e Clarice.[Em uma mensagem linda e longa que me fez chorar.]
Eu para João: Ele é meu tio preferido, é dois anos mais novo que eu. Pena que ele não dá valor a isso.
Amigo: Estou convencido, porque você está convencida
Flávia: Adoro quando você dorme bem, fica bem humorada. Nunes: Pena que são poucas as vezes.
Amigas: Gabi, come!
Mundo: Gabi, come!!!!!
Tia B: Eu sempre estou rezando por você.
Eu para família: Pra mim família é a coisa mais importante, tenho um puta orgulho e carinho por todos.
Edna: Sempre senti que a Gabi era uma pessoa sensível. Você precisa orar muito por ela, é daqueles tipos que doa toda sua energia para os outros.
Pessoal do açougue: Não gosto do cheiro dos seus incensos.
Amigos: É o primeiro almoço que participamos ao som de Chico Buarque, Legião Urbana e Los Hermanos.

Inspirado no Momentos de Cristal.

É no final, tudo que vale a pena, são esses momentos que fi(n)cam.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cotidiano

                              “Quem lhe disse que eu era riso sempre e nunca pranto?”
 [Como se fosse a primavera, na voz de: Chico Buarque]

Você acorda, olha para o celular e vê que ainda faltam alguns minutos. Tenta fechar os olhos e dormir mais um pouco, não consegue. Fita o teto branco, e você de novo se percebe perdido. É pesado. Lá fora, há poucas luzes acessas. O ritmo ainda não começou, a vida parece sempre demorar um pouco mais para nascer na terrinha do interior. A cafeteira faz seu barulho habitual, e tudo volta a fazer sentido. Quando você encontra algo familiar, perde o medo de se perder dentro de si, e o caminho do quarto até a cozinha se torna de certo modo seguro novamente. Você muda o foco, vê de outra perspectiva. É só o barulho da cafeteira, mas é a sua terceira perna. Ela te faz encontrável por você mesma. Você se segura nela, mas o café é muito amargo. Você engole quente. Duas xícaras, sem açúcar. As coisas parecem fazer mais sentido quando vividas pura. Sempre se há a necessidade de encontrar a pureza, a essência das coisas, dos toques, dos gostos. O café vai perdendo o calor, e o aroma. Você se cansa dele e muda. Neste momento tem medo de se perder novamente, porque se perder é foda. Quando você se perde, encontra algo dentro de si que não conhecia. É assustador. E naquele momento só havia algumas paredes brancas, a sensação de loucura era evidente. As pessoas lá fora se moviam com sua terceira perna, algo que lhe dá segurança. Remete novamente em um lugar comum. Todos odeiam se perdem. Se conhecer. Você se aceita e pronto, não há a necessidade de se tocar. É foda. E assim você é apenas um meio você. Você tem sua terceira perna cara. E quando você perde ela é fodido. Você se acha louco, e lá fora todos parecem bem e você tá ai. Mendigando alguém para te ouvir, não é assim, você não vive de migalhas. É preciso algo inteiro. Calma. Você respira novamente, um inspirar lento para organizar seus pensamentos. Você é louco, todos só sabem falar isso sobre você. As coisas se tornam estranhas, até hoje de manhã eu tinha também minha terceira perna. Eu a tinha até o café. Mas agora eu sou um louco. Um louco lúcido. E todo aquele amor, aquele fodido amor, você percebe então que você também tinha o inventado. Inventou um amor para segurar sua mão. Amor sentimento, eu te digo meu amigo. Ele é inventado para te dar segurança, para culpar algo quando as coisas dão errados. Ninguém vive ou morre por amor, e quando cai não passam do chão. É bom se perder. Quando você joga sua terceira perna fora, você vê que é algo muito maior, e é bom. É heavy metal.  Mas não, você é só um cara, sentado no chão e ninguém vai te ouvir. Não te entendem, não insista. Atrás do muro, todos ficam felizes em ter sua terceira perna. Todos gostam de estar seguro. A cafeteira toca de novo, você apenas estava dormindo. 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Não tem título.

A chuva aumenta a intensidade a cada segundo, a cada gota que desce levemente sobre o telhado, e faz um barulho assustador. O silêncio lá fora me dá medo, porque eu o reconheço. É parecido com o que existe dentro de mim. Por muito tempo, fiquei a observando a luz azul da televisão ligada no mudo, que insistia em me mostrar imagens que eu não prestava atenção. Tiro o sapatos e permito me sentir por alguns minutos. É tempo de retiro, de calma. Há tempo ando muito ocupada, movendo-me como alguém sempre no automático. Vivendo no automático. Sempre me protegendo demais. Talvez esse seja um mecanismo criado para esconder a desordem e insegurança da minha natureza. Sinto que aqui dentro há apenas o vazio. Preciso de foco. Preciso me realinhar. Acender incensos de jasmim ou canela, ouvi uma Bossa calma e leve não me dá leveza. Escrever sobre leveza não me trás ela. Achava que viver era o mesmo que jogar. Você estuda seu adversário, aposta nos relacionamentos com maior possibilidade de dar certo, se torna flexível e se transforma em alguém o mais próximo do que esperam, e assim você evitaria qualquer tipo de sofrimento. Porque depois de alguns tombos você aprende que sofrer é algo realmente ruim. Você vê que o amor não acaba, ele diminui aos poucos e um dia ele se torna tão pequeninho, que é quase imperceptível. Mas a vida é fodida. Você não consegue ser sempre um bom jogador, uma hora as coisas viram, as probabilidades erram, e você se fode. Você cai e percebe que não há muitas pessoas no seu lado, e doí pra caralho. Então você pede uma bebida forte, e espera. Você resolve fingir não se importar, escolhe gostar da solidão. Mas não dá cara, isso é tudo mentira, ninguém gosta de solidão. Ela é a ausência de algo que já foi importante para você. Quando ela está presente é porque há um vazio no seu interior. Solidão é o vazio. Você tenta parecer alguém forte, mas por dentro dá tudo doendo muito, e não adianta não se importar com essa dor. Ela não desaparece. No escuro, quando você tira a mascara, nada mais faz sentido. Você se perde. Você vê que está sozinho. Grita, mas ninguém ouve. Não há ninguém lá fora. Ninguém quer entrar. É preciso aprender a se salvar. Não há mais crianças na casa, e o mundo cobra atitude.  E de repente, você fecha os olhos e deseja de novo ter sete anos. Imagina o sítio da vó. Tenta sentir o calor de um abraço, mas tudo é muito vago. O tempo andou apagando os rostos, os cheiros, os toques. Não adianta fugir de novo, você não tem mais sete anos, está na hora de encarar as coisas de frente. Mas agora, você só está ouvindo a chuva no sofá.