sexta-feira, 23 de março de 2012

Quem dera eu pudesse viver até a primavera

Ando lendo muito, pensando muito, absorvendo muito tudo e todos. Abro páginas de Nietzsche, de Maiakovski, Drummond, Fernando Pessoa, Cecília Meireles, em busca de algo que me defina felicidade. Logo me assusto. Nietzsche morreu louco, Fernando Pessoa e Maiakovski eram dados a bebida, Cecília Meireles sofria de depressão crônica e Drummond tão infiel. Não, eles não poderiam me ajudar. Eram loucos e lúcidos demais para o amor, para a felicidade.
Penso demais. Eu sei que existe algo, há toda uma necessidade de querer e não querer em minha alma, que já definida por um grande amigo, como sem parada. Eu observo as pessoas, e me assusto, como podem ser tão manipuladas? Não há nada real, nada é verdadeiro, eu te digo meu amigo, é tudo fodido. Como sabe que é feliz, se ao menos sabe o que é felicidade? O que você sabe, meu caro, é o que os outros dizem que é felicidade. Sempre há essa necessidade de mentir para nós mesmo,de definir algo sem definição, de não querer se perder demais porque você quer ser encontrável. Nós sempre queremos ser encontráveis.Você não sabe o que é felicidade, ninguém sabe. E se ela não existir? E se tudo for um mera ilusão de carnaval, para continuarmos consumindo?
Sente-se meu querido, vamos conversar, tire as suas amarras e venha comigo.
Eu também não queria ser assim, mas tenho perguntas. Também quero encontrar alguém, solidão não é algo gostoso. Mas se eu fizer isso, estaria fazendo somente o que é plausível e o que seria sensato a mim mesma. Mas não sou sensata, e poucos me conhecem bem. Gostaria de ser sincera com alguém, de ser real, e não taxada como louca.
Me dê a mão, vem comigo, vai ser agradável para nós dois.
Caminho com muitos, mas poucos me encantam. Defeito meu, de certo. Eu tenho medo, medo de me perder em mim mesma, e não conseguir responder meus anseios. Medo de não encontrar o que todos encontram. Mas não, por favor, não me peça para viver de ilusões, de sonhos idealizados, eu quero, eu preciso, eu imploro por algo real. Eu quero ser real. Quero sentir a realidade. Mas o que é a realidade?As respostas aos nossos anseios? E se a realidade for uma ilusão? E se tudo que eu sinto, for uma mentira maior?
Mas por favor, se desejas caminhar comigo, não me caraterize como louca ou outra qualquer. Me salve dos meus anjos ou me entregue aos meus demônios.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Os lírios

Os dias já passam de forma diferente, não com inocência infantil, com a ilusão do amor. Hoje, eles têm outros sentimentos, se apoiam sobre novas perspectivas, algumas melhores, outras piores. A realidade é a vida é breve e eu continuo sem saber para onde ir. Vejo lírios e caminho sobre eles, tão frágeis que a todo vento me deixa trêmula. Os lírios são frágeis, mas foi tudo que consegui comprar. Os lírios são vermelhos, vermelho vida que forte como tal, impõe medo. Não sinto nada como vermelho lírio. Vejo-me mais calma. Não há oceanos não-pacíficos em meus olhos. Tanto procurei a calma, o não sentir mais nada do que segurança, que o encontrei. Não digo que estou sobre terrenos firmes, já lhe disse que caminho sobre lírios, leves, soltos e medrosos. Caminho prudente, sem pulsações fortes, ou liras soltas. Pensei que encontrar a calma, a calma da Bossa, a calma da Nara me faria feliz.Não que eu não esteja feliz com meus lírios, alias estou.Espere, como digo que estou feliz, se ao menos sei o que é felicidade.Você consegue definir felicidade para mim ? Me transfiguro, não sei que eu sou, só respondo "eu" quando me perguntam. Mas hoje peço, na verdade imploro, para algo me tirar dessa sensação de inercia, para me devolver as cores, e tirar-me os lírios.Seria eu ingrata com os lírios? Mas me salva dos lírios? Tira-me eles, talvez eu queira agora, ou sempre quis, não caminhar sobre nada. Caminhar sobre as nuvens.Tudo é tão confuso, e os lírios tão frágeis. Eu preciso ser prudente, não quero machucar os lírios, não quero me machucar. A queda, depois de um período de estabilidade, de calma, e de não sentir nada, será deveras dolorida. Eu me perco, e isso é foda. Será que é desonrado da minha parte, deixar os lírios e me apaixonar por outras flores? Sou apenas covarde, porque os lírios, meu caro, são confiáveis? Tenho medo que não me entenda, mas não sei se quero ao certo me mostrar entendível. .