quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Um pote de açúcar.


Um dia me disseram que minha escrita era demasiadamente triste, ela possuía um gosto amargo e textura de lágrimas. Procurei o colocar a culpa nos dias cinza, nos lápis escuros espalhados pela sala. Desenhei em minha parede a vida tal como eu acreditava. Naquele desenho havia algumas nuvens que poderiam ser algodão doce ou trovão, havia pássaros e algum lugar florido. Peguei e minha mala e abandonei. Caminhei procurando as feridas pelo meu corpo, mas elas já haviam sido cicatrizadas. Só eu não queria aceitar isso. Que o tempo muda as coisas. Renova a vida. Na pela só restava pequenas texturas que eu procurava esconder, como algum que teme se apaixonar pela primeira vez. Andava com passos calmo e  me sentia como alguém que caminha perdendo um pouco de si. Abandonando pelo caminho, pares de calçados e alguns sonhos. A hipocrisia cotidiana caminhava comigo, e ao som de Renato o silêncio me completava. Talvez isto fosse apenas o reflexo os meus anseios, do cansaço corriqueiro, dessas coisas que vivemos e não percebemos que nos matam dia após dia. Mas apesar de tudo, notei que em meu bolso ainda restavam algumas cores. E com amarelo, azul e vermelho todo mundo pode desenhar seu próprio arco-íris.