Parto minhas palavras sem história, sem início ou fim - tento as transfigurar como a mim mesma. Não tenho sobre o que ou sobre quem escrever, estou despovoada. Nômade e sozinha, dentro dos muros grossos com os quais me cerco dentro da minha limitação humana. Mas quero tua companhia, estranho. Acompanhe-me nesta metamorfose, me desculpe, mal tenho alguma bebida agora. Você, estranho, que me sente, não acha estranho como nos preenchemos de ausência? Como estas saudades atormentam-nos no presente imediato? Desculpe-me estranho, meus pensamentos são confusos, eu procuro apenas sentir. Toque-me. Estenda-me a mão. Labirintos me cercam, mas estou fadada a me perder por aqui. O delírio é todo meu e sei que minhas mãos cavam estes abismos. Num solo duro de areia qualquer será selada a minha sorte. Estranho, os ventos sambam na minha janela e eu não consigo absorve-los. Os presentes que recebo são dados pela solidão. Mórbita os aceito, sem cólera ou culpa. A impaciência me domina - estou há minutos idealizando alguma história. Não tenho personagens, estou com medo de ter deixado por aí as minhas personalidades. Serei então um ser uno? Consegui, enfim, meu objetivo maior de me encontrar? Algo está errado. tenho muitas dúvidas. Muitas dúvidas. Estranho, me perdoe, minha metarmofose já se tornou dolorosa, estou me debatendo. Minhas pálpebras piscam rapidamente, como em uma inútil tentativa de acordar de um sonho ruim. Desculpe-me, estranho, por te roubar algum tempo. Apagarei a luz e irei dormir - talvez no silêncio e no escuro completo eu consiga entender os ventos,.