terça-feira, 5 de novembro de 2013

Nós sabemos

Meu jeito é brigando. Gritando e verbalizando tudo que sinto ou julgo sentir. Mas o filtro branco me lembra você. Realismo fantástico me leva até o teu caminho - desejando que eles se cruzem novamente em alguma biblioteca de Babel. Mundo tão irreal quanto o de nossos planos. Ou nas linhas do teu corpo, que julgando conhecer, desenhei a Rua Augusta. Cinza e podre, tal como nós. Procurando lirismo real, a essência de nós. Destinos paralelos que desafiaram o fluxo caminharam junto por algum tempo, deram as mãos e se despediram dois passos depois. Samba batucando na caixa de cigarro e nos corações trocados. Desejarei eu que eles caminhem novamente? Não - deixo-te partir de mim. Fincando apenas a tua alma e teu jeito não-pacífico. Voe, meu querido.Deixe Cartola pra depois. Não precisa me devolver nada. Saí como a fumaça dessa minha última metamorfose. O que há além do começo? Não teria o começo, um outro começo, que também possuía um começo? Onde termina ou começa nossa história, meu amor? Não há nada - tudo é contínuo e mutável. A ausência absoluta de algo concreto.  Qual foi tua função na minha história?  Não te quero em linhas mal feitas e nem em cheiros familiares. Quero-me brigando. Me entenda, quero apenas pensar -e sentir- sobre essas coisas. Vamos divagando assim sobre a vida.  Você me ensinou, meu amor, a me lançar nesse buraco negro. Deus está morto - como nós estamos.Vácuo existencial em que posso me encontrar de verdade - o meu eu é o que além do que absorvo diariamente em cólera? A fumaça desenha instintos sacanas no ar, me levando ao lugar-comum do teu calor.  Em que desenhávamos em paredes alheias nossa poesia barata.Fomos ídolos dos falsos. Julgávamos muito e fomos, no entanto, nada. Meus versos ficaram sem métrica depois de você. Mas, ao menos, encontrei-me no não-parnasianismo. Amores metrificados não me satisfazem. Coisas lineares me enlouquecem. Afaste esse soneto de mim! Quero viver nesse teu vermelho.Solte minha mão - quero versos brancos! Não me afogarei em fantasmas. Retire as reticências - sou apenas uma puta sem fantasias. Perdi todas as palavras sobre ti - eu repito como mantra essa velha história. Mas dizem que é com amores não realizados que fazem bons poetas. Tolice, não há poesia nenhuma em nós. Sucessões de não-realizações. Mas continua "inevitável: o cheiro de amêndoas amargas lhe lembrava sempre o destino de amores contrariados",

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Dialogando

"-Tenho medo de me mostrar de verdade e você não entender. Comigo é tudo tão confuso (...)
-Não se esqueça, eu fui deixado num ponto de ônibus com um cigarro."


Abro a página, não vem nenhuma história. Muito menos um pobre personagem. Não há linha lógica, roteiro preestabelecido. Deixo a mão ir tocando de leve o teclado, na esperança que a ânsia que sinto um dia acabe. É o medo de me perder de forma que não me encontre mais que me faz escrever.Mas acho que já me perdi- tempos caminhando com loucos, também te torna um. Mas calma, quem são os loucos?. Tento pegar o fluido do que sinto. Metarmofoseando a cada segundo. Quem sou agora? Que tu és agora?  Mas a impaciência me domina. Sou levada a estabelecer apenas um monólogo. Se quiser, pode-se se sentar e se permitir o caos. E confusão. É tudo o que posso te oferecer no momento. Mas, te digo, o mundo ainda possui um caos pior que o meu. Aliás, retiro o que disse, sensações são subjetivas demais, deixo você escolher o caos que prefere. Se quiser ficar, podes vim mais perto. Mas venha calmo, manso, leve, eu me assusto muito fácil. Tenho muita coisa para terminar, um café clichê sobre a mesa, alguns cigarros na gaveta. Um licor de cereja pela metade. Almas, você acredita nelas? Meu deus, mais nova que eu Lispector já havia publicado uma obra-prima, o que acontece com essas pessoas? Acho que elas tem alguma coisa na alma.  Até o momento não fiz nada de significativo, enquanto eu levo apenas o desejo de fazer parte de algo maior que eu. Impactos. Gosto de ver o impacto da consciência nas pessoas. Talvez por isso goste de Lispector. Guimarães dizia que lia Lispector para sentir. Você também deveria se soltar, deixar de pensar e só sentir. Não me entregue sua vida linear. Quero espelho para refletir toda minha confusão. O mar de ópio me afoga todos os dias. Mas não quero que tua mão me salve. Estou serena, mesmo quando morrendo. Engraçado, se não fosse irônico, como morremos diariamente com tanta serenidade.A cada hora que nos aproximamos do carbono e amoníaco - fim de tudo - e estamos calmo. Entregando nossas vidas - calmos.  E enganamo-nos, com as velhas desculpas e o atraso de viver."Eu ainda terei tempo", "Amanhã eu me permito amar", "Amanhã..." "Mês que vem..." "Depois que terminar..." E assim vamos tomando inocentemente nossos venenos. Me entregue sua verdade, eu te entrego a minha loucura.Mas, o que é a verdade senão a resposta de nossos anseios? O que é a minha loucura? Acho que não sou louca. Talvez só seja uma projeção. Quero ficar quieta.  Quero gritar, talvez isso me acalme agora. Quero sentir, muito além do que desejo pensar. O céu e o inferno é o lugar onde estou. Levo eles comigo. Eles estão dentro de nós. Agora, estás no teu céu o no teu inferno? Eu danço com os meus demônios. Afaste de mim os sentimentos metrificados. Eu gosto do estrago, da confusão que furta-nos a lucidez. Pode desistir de mim, se quiser, leitor. Eu mesmo não quero me ajudar. Como vê, não quero respostas. E por que tu as quer, amigo? Posso te chamar de amigo? Por que tu carrega tantas falsas certezas? Queria estar acariciando teus cabelos agora.  Talvez, se eu recuperar minha lucidez, eu perca o "eu" que encontrei ao perde-la. Ao estender sua mão, você talvez me mate. Eu acho que quero ficar sozinha. Me dê um instante. Preciso recuperar a respiração. Te alertei quanto a linha não lógica que vivo. Eu perdi o tripé que me fazia encontrável, agora quero tentar caminhar.Eu estava justamente aí, modelada incrivelmente, há segundos atrás. Mas ando me perdendo, jogando fora algema por algema. Minha liberdade, será que é escravidão também?

domingo, 22 de setembro de 2013

Desaba(r)amor.

Pequena pausa. Tenho meu próprio manifesto: Quero transformar tudo em poesia.
Mas poesia, sem versos e rimas, é capaz de existir?
(...)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Matheus.

Matheus nasceu quatro anos depois de mim. Mãe diz que quando Matheus nasceu ele não chorou e todos pensaram que ele estava morto. Matheus, quando pequeno, tinha cabelo todo enrolado. Rasparam ele, e nunca mais enrolou. Matheus é chato como só ele. Adora me encher a todos os momentos. Matheus já caiu da rede e perdeu dois dentes. Matheus era azarado pra caramba, cortou a cabeça com martelo. Matheus é bem mais simpático que eu. Todos adoram o Matheus. Ele é divertido, conta piadas extremamente bem e tem uma alma leve. Matheus tem péssimo gosto musical e adora dizer que samba raiz e Chico que são ruins. Matheus é vida boa, não gosta muito de estudar e nem trabalhar. Diz que quer aprender a surfar um dia. Matheus é moreno, até hoje brincamos com isso na família. Minha avó diz que ele puxou a biza. Matheus é a cara do meu pai. Sempre que chega nos lugares, os outros dizem que sentem um arrepio. Matheus morre de ciúmes da minha intimidade com o pai e eu morro de ciúmes das brincadeiras dele com minha mãe. Matheus, há anos, colocou na saudação do meu celular "Gabi é a mais feia do mundo". Até hoje não mudei. Matheus pintou minha escrivaninha com corretivo. Queria bater nele. Matheus desde sempre pega as coisas no ar. Não dá para esconder absolutamente nada dele. Matheus acertou 15 no simulado. Disse para todos que havia acertado 20. Matheus confia muito em mim. Consigo ver isso nos olhos dele. Matheus diz que eu sou inteligente. Matheus vai cursar História, sei disso. Matheus gosta de Marighella, espero que se assuma comunista daqui alguns anos. Matheus adorava dormir na minha cama quando era pequeno. Ele sempre roubava todo meu cobertor. Quando chego em casa, Matheus vem logo me provocar. Mãe diz que ele fica todo murcho quando não estou. Matheus tem energia para dar e vender. Uma ânsia de viver que me dá inveja. Amo Matheus de um jeito que ninguém pode imaginar. Apesar de irritante,  poderia costurar ele junto comigo. Matheus um diz me disse que não importa mais ninguém, o mundo bem que poderia ser só eu e ele. Matheus chora com mais facilidade que eu. Lembro do enterro que ele conseguiu chorar e eu não. Matheus é mais emotivo. Ele é pura emoção e sentimentalismo. Matheus deveria estar na aula de violão, mas descobriram que ele matava aula para ficar jogando bola. Matheus adora jogar bola e é um grande jogador. Chamam ele de Garrincha. Acho engraçado. Matheus é amigo de todo o bairro,  a casa dos meus pais vivem cheio de amigos dele. Quando fico brava com Matheus e digo que nunca mais falarei com ele, ele começa a me fazer cócegas até eu rir. Matheus sempre me faz sorrir. Matheus ama praia, ama sol. Matheus, mesmo mais novo, age como se fosse meu pai. Me liga sempre perguntando se estou comendo. Matheus sabe cozinhar bem. Chega a ser melhor que eu em muitos pratos. Matheus tem juízo, nos orgulha com isso. Matheus é um ciumento nato, já brigou com amigos por minha causa. Matheus deve ler isso algum dia. Sei que Matheus vai chorar quando ler. Matheus, você é meu Éden.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Fim

Não sei se falta muito ou pouco para terminar esse ano, minha percepção é falha em tantas coisas. Eu decreto o fim, em mim. Já é férias. Foram nove meses. Pintei o cabelo 10 vezes, e ainda não chegou no tom de preto que procuro. Ou no tom de azul. Talvez eu mude para o vermelho. Foi embora uma promessa de amor eterno, que decretou sua despedida junto com os ventos do inverno. Algumas viagens para o Sul - Voltei a Porto Alegre, a Ponta Grossa, a Curitiba. Espero ainda ir a Floripa. Só aguardo o Sol voltar com toda a força. Rio de Janeiro, continua lindo e aconchegante para mim. Meu pai ainda fica bobo com toda aquela beleza. No triângulo mineiro, eu me engordei em Uberaba e Uberlândia. Estive aflita lá também. Foi um pneu furado no meio da madrugada em estrada desconhecida. Preocupei amigos, talvez juntei um casal. Duas crianças estão para chegar aos meus mimos. O da Thayna nasce em Novembro, o da Dany em Outubro. Pensei em ter filhos durante esse ano. Talvez eu precise começar a fazer planos. Foi um aniversário longe da família. Recebi um telefonema do Cego que me fez chorar muito. Ah, lembrei! Eles também me trouxeram um bolo, assim que voltei para casa. Um perfume caro. Ao todo, três poemas e um disco do Chico. Sonharam comigo, esse ano. Pelo menos me disseram que sonharam. Perdi cinco quilos. Ouvi que estava horrível. Ganhei três. Há cinco meses estou sem calmantes e incrivelmente tenho dormido bem. Até agora nenhum porre grande. Sinto-me leve com isso. De uma caixinha, hoje fumo dois cigarros por dia. Meu pai enrolou inúmeros cigarros para me enviar. Brigas incontáveis com o irmão, e a descoberta de que ele é meu Éden. Quis uma menina para chamar de Maya. Quis me chamar Maya. Uns vinte livros, e muitos querem ser terminados e me esperam sobre minha escrivaninha. Tentei respeitar horários, equilibrar a alimentação e os sentimentos, esse ano, mas nada funcionou. Fui mais abstrata que o normal - talvez, assim, fui também mais verdadeira. Minha carta de moto está para chegar. Meu pai ainda fica com muito medo ao andar de carro comigo. Algumas marchas erradas e quase um câmbio foi embora. Me sinto muito feliz ao lado do meu pai - Hoje vejo que tenho muito mais dele em mim do que pensava há algum tempo. Três músicos entraram para minha lista de mais ouvidos, dentre eles Tim Maia, que me lembra um amor bem antigo. Dois shows do Tibério, e continuo muito apaixonada por ele. Gosto de pessoas que cantam com os pés no chão. Minha prima apresentou a namorada para família - senti muito orgulho dela.  Ainda quero ler Gabo com alguém. Paraty e o festival literário. Alguns amigos de bem longe entraram no meu barco. Muitos já pularam fora. Alguns licores que viajaram e tentaram levar com eles minhas boas energias. Mais Yoga, esse ano. Mais incenso. Mais calma. Estou, aos poucos, me equilibrando. Alguns conhecidos publicaram livros ótimos, e torci para cada um deles. Quis me mudar para Bahia, para Recife e ficar no Rio. Duvidas sobre o curso ( e o da minha vida, também) : Incontáveis. Emprego novo, emprego velho. Gabriela nova, Gabriela velha. Quis muito ser a Gabriela de Amado. 13 poemas novos na ponta da língua. Sei declama-los de olhos fechados. Algumas aulas. Cordas novas para minha guitarra velha. Amplificador estragado. Flavio acabou com a banda.  Promessas de lentes novas, ainda não cumpridas. Esperando um Sarau. Esse ano, me apaixonei ainda mais por poemas cantados. Musiquei alguns de Cecília. Plath e um mar de solidão - Estudei sobre a temática do suicídio em alguns poetas. Ryan  se machucou duas vezes. Renan disse que sou uma ótima prima. Que sou boazinha. Marcos arrumou uma namorada nova - Gostei dela. Não espero nada dos próximos meses. Deixo-me partir, agora.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Cigarros e neuroses

"Deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoas"
[Gota D'agua - Chico Buarque]


Pego-me a pensar nos meus planos, nos meus desejos. Algo que já se tornou recorrente nas minhas madrugadas regadas a chás de amora. E licores de menta. Na realidade nunca pedi muito, só queria mesmo é ser uma frase bonita. Ser uma história completa sem muitos erros. Ser aquele texto limpo, você me entende?  Queria mesmo era sentar do lado de alguém e poder cantarolar todos os poemas que tenho decor do Bandeira. Entre sorrisos dizer - Aqui não sou feliz. Mas quem sabe um dia eu me torne. Me torne um ser leve e saia por aí, com meu violão debaixo dos braços.

Queria não ter te beijado antes de perguntar sua cor preferida e se gostava do Chico. No meu plano você não preencheria todas as lacunas - as muitas lacunas- que tenho. Meu plano não era ter deixado você conhecer minhas manhas todas e nem te confessar que sempre esperei por alguém que trouxesse na ponta da língua Poética. Queria mesmo, é ter te dado mais espaço. Queria mesmo, ter te deixado solto para que você pudesse ver com teus próprios olhos como é caminhar comigo. Como é difícil caminhar por coisas tão sensíveis como os meus sentimentos.


Não queria ter te deixado pegar minha mãe naquele dia no parque. Não queria ter te deixado dar retalhos de poeminhas. Você não me entende - comigo tão pouco se transforma em tão muito. Você tem que saber que eu ainda sou a menina de Vinicius. Mas agora, queria tanto que ficasse aqui pertinho. Mas, te confesso, não queria ter todos esses espaços que te encaixam tão perfeitamente junto comigo. Não queria parar no meio das ruas, e te esperar olhando baixo e sorrindo. Você tem que saber que me assusto muito fácil, amor.

Eu queria mesmo, é que você percebesse o quanto de sonho que carrego. Ainda quero os almoços em domingo, com uma família enorme e trezentos cachorros. Ainda quero teu corpo junto com meu e não precisa nem ser em um dia de domingo. Tua voz poderia acompanhar meu violão velho que está jogado no meu quarto, quando você quisesse. Basta apenas você querer, vê o quão pouco falta?. Quero-te desarrumando todos os meus livros, que estão em uma perpetua desorganização. Vamos, me dê a mão. Não me deixe sumir novamente.

Me desculpe, amor, não sei amar assim pela a metade. Como é que se diz? "Amor-livre" não sei praticar. Também, não vou mudar algo, assim, tão meu. Pequena-menina-com-mundo-de-sonhos. Meu plano, era de que você me quisesse mesmo assim. Mesmo descobrindo que ainda choro pra caramba em Crime e Castigo. Mesmo sabendo que assisto todos os sábados aos filmes de Glauber.

Meu plano era que esse texto fosse bonito, que fizesse muito sentido nosso amor barato. Queria é mesmo, que você estivesse aqui. Juntinho. Para bagunçar meu cabelo enquanto critica Neruda. Enquanto diz que me entende, que sente como eu o amor por essas histórias. Que eu sou sua Dora. A Dora, que um dia foi de Pedro Bala, mas que hoje é tua. A Dora-mãe, a Dora-noiva.

Quem sabe um dia os santos da Bahia nos abençoe. Que um dia ainda, possamos ficar juntos no Pelourinho lendo Amado.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Me leve contigo.


Um tempo que refaz o que desfez
E recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez

[Chico]

Só queria dizer que eu me importo. Me importo com todos. Com cada sorriso, com cada carinho, com mimos diários. Fui moldada em abraços e me fiz com sensibilidade. Deixo-me sangrar sem armaduras - tento me sentir viva a cada segundo. Queria dizer que me transbordo todos os dias. Preciso de todos os corações possíveis para me saciar. Minha cabeça foi feita para encaixar em colos e os meus cílios vieram para serem contados. Tento deixar minha alma leve, levo comigo apenas o essencial - gosto de pés descalços e mãos cheias. Só queria dizer que aqui há espaço para quem quiser entrar, desde que não se importe com a alma canceriana - faça de câncer seu paraíso astral.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Estranho. me acompanhe

Parto minhas palavras sem história, sem início ou fim - tento as transfigurar como a mim mesma. Não tenho sobre o que ou sobre quem escrever, estou despovoada. Nômade e sozinha, dentro dos muros grossos com os quais me cerco dentro da minha limitação humana. Mas quero tua companhia, estranho. Acompanhe-me nesta metamorfose, me desculpe, mal tenho alguma bebida agora. Você, estranho, que me sente, não acha estranho como nos preenchemos de ausência? Como estas saudades atormentam-nos no presente imediato? Desculpe-me estranho, meus pensamentos são confusos, eu procuro apenas sentir. Toque-me. Estenda-me a mão. Labirintos me cercam, mas estou fadada a me perder por aqui. O delírio é todo meu e sei que minhas mãos cavam estes abismos. Num solo duro de areia qualquer será selada a minha sorte. Estranho, os ventos sambam na minha janela e eu não consigo absorve-los. Os presentes que recebo são dados pela solidão. Mórbita os aceito, sem cólera ou culpa. A impaciência me domina - estou há minutos idealizando alguma história. Não tenho personagens, estou com medo de ter deixado por aí as minhas personalidades. Serei então um ser uno? Consegui, enfim, meu objetivo maior de me encontrar? Algo está errado. tenho muitas dúvidas. Muitas dúvidas. Estranho, me perdoe, minha metarmofose já se tornou dolorosa, estou me debatendo. Minhas pálpebras piscam rapidamente, como em uma inútil tentativa de acordar de um sonho ruim. Desculpe-me, estranho, por te roubar algum tempo. Apagarei a luz e irei dormir - talvez no silêncio e no escuro completo eu consiga entender os ventos,.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Absinto em mim

Já é quase Julho.Sempre sei disso porque é tempo de voltar ao ninho.Ao clima friozinho da minha cidade do interior.Porra, tudo passa tão rápido. Hoje me olhei no espelho, sinto que não sou a mesma.Nunca me sinto a mesma de nunca.Sucessões de máscaras, de expectativas e idealizações do meu 'eu-ser'.Porra, porra, porra.É tudo fodido demais para se entender.Peço uma dose de absinto para o moço do bar da esquina.Ele me acolhe sempre com o mesmo olhar.Sinto algo bom com ele.Não sou poeta, que desleal, mal sei fazer rimas.Coisas bonitas, metrificadas, me parecem forçadas, crime para alguém que só procura algo real. Que merda, alguem acredita nos amores de Bilac? Moço, tira suas algemas, quero conversar com alguém, assim:livre.Tenho perguntas demais, paciência de menos e uma eterna ânsia de viver.Desligue o telefone.Ninguem vai ligar.Acorde! sua porta está aberta há algum tempo e mesmo assim ninguem entra.Você é apenas maia solitário.Seja, portanto, alguém de espirito farto.Algum 'super-homem'.Que aceita a solidão.Porque, que merda, nada é tão essencial assim.Beba essa dose de absinto, temos que sentir.(Re)amar.Remar de novo neste mar que me dá medo.Veja você, este mundo, estas pessoas, tudo, é apenas idealizações. Coisas fodidas cradas por nossos sentidos frágeis.Nascemos e morremos sós, o resto, amigo, é um mar de uma ilusória companhia.Você me entende?  Não fique mudo.Beba mais um pouco do absinto, sinta a leve dormência das pernas, obseve as cenas que vão se formando.O casal do lado pensa em sacangem.Outro que exibir sua dança bailarina, e no fim tudo se resume a superficialidade.Todos querem aparentar viver.Que merda, e eu estou aqui.Mânia intensa de buscar a sinceridade. Nada é doce.A poesia só nos enganou até agora.Nesta mesa de bar, está tudo o que é real - o nada. Vamos nos embrigar para recitar Bandeira.Não quero nada além da minha libertação. Mais tarde, talvez, te deixo dançar comigo.Não sou boa com pessoas e minha maquiagem já estará borrada.Vamos, tenho sonhos demais que já foram quebrados.Hoje sou uma puta.E entendo os cadáveres de Plath. Quero me banhar num mar de ópio. Me embriagar cada vez mais com o absinto que sinto de mim.Um mar de porras de palavraa irreais, que suspiram nos meus ouvidos.Você consegue ouvir?

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Eles passarão, eu passarinho

Quintana me lembra tanta coisa boa, coisas que tento me apegar hoje.Lembro do sul, lembro do meu pai me trazendo um chimarrão todo cheio de orgulho.Afinal, a garotinha dele estava crescendo, e por mais que ele tivesse medo, ele tinha me deixado partir.Como um pássaro.Sul me lembra o frio, que também sinto falta.Hoje eu estou aqui, vendo que um espírito nômade não é a solução para todas as coisas no mundo.Aprendendo, que não importa o quanto você se defenda, o quanto tente nunca baixar a guarda, nunca confiar demais.É fodido, mas te atingem.E onde mais doí.Acho que hoje quero ficar em silêncio, completando uma sequência de dias ruins.O telefone está tocando, é mais um amigo perguntando se estou bem.Se as notícias dos últimos dias foram suportáveis. Irei repetir a frase do meu pai: "nada que um bom copo de uisque não melhore". É mentira.Nem um litro inteiro, nem um porre dos grandes, nem outras camas melhorarão.Acho que aprendi a intensificar tudo.Todos os gostos, todos os sentimentos.Acho que eu sou aquela garota tonta, exatamente igual há 5 anos. Não sei o que eu acho, só continuo a cavar abismos sobre mim mesma.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Hoje

Dizem que há tanta beleza na dor.Que a tristeza é tão  inevitavelmente bela.Fico com a definição de  Pessoa, de que "poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente".Hoje eu precisei escrever, fechar um livro, colocar um ponto final.Mudar de página. Bifurcar destinos.É 4 de Junho.Tudo passou tão rápido. Hoje me lembrei de um porre que tomei há um ano.Me lembrei do amigo que me segurou. Da amiga que me deu a mão.E do cara que me negou um cigarro.Ri depois.Hoje desejei me aquietar em algum canto.Deixar meu espirito nômade. Desejei parar na vida de alguém. Não quero mais ser passageira.Hoje senti falta de Porto Alegre.De Florianópolis. De Curitiba.Da minha casa antiga.Senti falta de 2011 em que eu me pegava fazendo planos.E que eu tinha alguém no meu compasso.Senti falta de uma moça que encontrei na rua, e que me perguntou o porquê do olhar triste.Senti falta de olhar para algum lugar.Hoje lembrei do Cego.Lembrei que ando prometendo ligar para ele, e que não faço porque sei que vou chorar.Mas, Cego, que você é o meu melhor amigo.Hoje desejei que alguém. entrasse pela porta, com um CD do Chico, e ficasse do meu lado no meu silêncio.Hoje estou escrevendo a última pagina de um livro curto.Hoje, senti saudades do João, do Rapha, da Sabrina e da Etiane. Abri um café e nem terminei.Acho que hoje estou triste.Eu disse "não seja tão sentimental", e eu mesma não obedeci a ordem.Hoje tentei pensar em fórmulas, ocupar minha cabeça com algo.Não consegui.Hoje quis ser Lispector. Quis ser a moça da esquina.Quis um amor de Woolf. Hoje pensei em reformular meus atos.Hoje quis encaixar certinho no colo da minha mãe e ouvi-la cantarolando um samba no meu ouvido.Hoje quis ter 7 anos.Hoje lembrei de um garoto que conheci numa viagem. Lembro-me de como sorriu para mim.Hoje senti saudades de Viçosa.Hoje queria ficar quieta. Me dar carinho.Hoje me animei com o  festival literário.Hoje não implorarei mais carinho.Não seguirei com migalhas.Respirei, e contrarie Tom, pois é possível ser feliz sozinha.Hoje queria ouvir que estou bonita, igual uma senhora que me parou em Ponta Grossa, e me abraçou, dizendo-me que eu era bonita. Hoje queria conseguir chorar para ânsia passar de uma vez.Mas é difícil as lágrimas saírem. Elas se prendem a minha garganta.Hoje me lembrei  de um amor antigo.Espero que ele esteja bem.Hoje prometi que não me envolveria com ninguém até o fim da faculdade.Hoje quis ser a melhor em entender Gabo.Hoje refiz toda minha armadura, desviei perguntas pessoas enquanto pedia uma cerveja.Hoje me lembrei de  um poema de Bandeira que cantava.Hoje me convenci que talvez as coisas seguem um fluxo, desconhecido, mas bom.Que ser triste é necessário. Hoje  transbordei.Vou me concertar essa noite.Amanhã já estarei inteira.Mas hoje quero ser triste.Vou manter apenas o que me faz bem.Hoje percebi que sinto mais que penso.Que minha essência é sentir. Que sou complicada demais para ser entendível.Escolhi de novo ser sozinha. Hoje vou escolher um lugar certo para ir.Eu não vou ser sempre tão frágil.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Meu plano

"Da primeira vez era a cidade, da segunda o cais e a eternidade..."
                                 [Wave- Tom Jobim] 

Na verdade eu queria mesmo era ser frase bonita, no meio de tanta frase linda que andei lendo.Pego-me pensando nos anjos de Pessoa, na alma grande de Cecília. Uma coisa calma e leve, tão de leve e tão quente que não poderia assustar a ninguém.Tem pessoas que não nos assustam.Enquanto outras, é estranho, o olhar me incomoda.Queria ser uma coisa bonita dentro das lindezas do meu mundo. Este deve ter sido plano da minha vida: ser uma coisa bonita, mas bonita de verdade.Ser uma história completa. 
Já estava cansada de coisas pela metade, de abstrações nulas no final, que nos fazem inventar um meio eu..Desconfigurações me espantam.Meu plano nunca foi me apaixonar, criar esta mão gelada para segurar todas as noites.Parafrasear sensações.Quanto as sensações, sinto que me basta o café na madrugada, a  televisão no mudo, em azul. Os pingos no telhado que me transportavam a um mundo irreal. Ao mundo de Babel. Mas os caminhos todos, te digo todos, são paralelos.E se encontram no final. Uma espiral de acontecimentos pré-definidos.Meu plano era ser sozinha.Nunca fiz questão de acompanhantes na minha caminhada.É tudo heavy metal demais para entender.Traço uma sequencia lógica de acontecimentos.Estou do lado errado, concluo.Sempre estive, afinal.O barulho da cafeteira. O relógio sobre a mesa. O bater incessante do meus dedos.Uma sequencia ritma que não compreendo. Sinto que muita coisa se esvai, perco demais os segundos, com minha obsessão em sentir.Em cinco minutos não teria me apaixonado.Em cinco minutos poderia ter ouvido Los Hermanos mais um pouco.Em cinco minutos cabe um samba de Cartola.Já é junho, em cinco minutos, inventaria outro mês. Outro lugar. Não é esse tempo, não é essa história, a minha.Alias, minha sequência é ilógica, não devo a chamar de história. Em cinco minutos estaria em uma tabacaria próxima.Achei uma pessoa e a perdi.Como se perde alguém em uma rua inacessível da tabacaria?Encontro sonhos jogados no quintal. Em cinco minutos nem teria os procurados.Aprendo, as primeiras notas de quem tem muito a aprender,  de como  é essencial oferecer a liberdade às pessoas.Meu plano é aprender a deixar laços mais soltos.Meu plano é beber menos uisque. Me equilibrar. Te digo, meu plano nunca foi ser um incomodo, nunca foi reconstruir espelhos.As coisas estão em um  (ir)remediável.Não sinto nada.No fundo, meu plano sempre foi ser nula por dentro. Em cinco minutos teria pensado mais sobre isso.

sábado, 18 de maio de 2013

a vida tem sempre razão

incenso de canela pelo chão, chá morno sobre a mesa.Uma frase antiga na cabeça, "um pouco de cor onde parecia faltar".Samba batucando em um ritmo intenso na rua de baixo.Saxofones sempre me lembram a Lygia.Lembro sempre de saxofones, tocados por uma mulher muito branca, de mãos frias, e solitária.Acredito que a solidão faça bem a quem é imenso.Solidão me lembra o mar, tão forte mas tão só.Sempre invejei a força das ondas, e os olhos de oceano não pacificos de algumas pessoas.Com voz baixa, a moça na janela começa a cantarolar calmamente, como um sabiá nas primeiras notas.As primeiras notas são tão graciosas. Dançam no ar, como pequenas bailaridas, com uma leveza que sempre tive inveja.Minha alma nunca dançou intensas liras, nunca alimentou-se do lirismo puro.Tento viver uma experiência metafísica. Tento me equilibrir sem o tripé, perdido durante 'G.H'.Lembro-me da sensação em cada linha, da realidade sentida entre um turbilhão de sensação. Digo a moça da janela -Encontre seu 'it'.Tento explicar o essencial, a alma sem amarras.Ela ri , sem graça, não me entendeu. Insisto - o 'it', um cavalo solto, um mar aberto, um coração leve.Por favor, me ouça.- Ela se afasta. Não me importo com tantas ausências. Desejo tetos firmes.Não quero perder minha alma no corredor.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Tudo que quero dizer.

"Sua voz quando ela canta me lembra um pássaro, mas não um pássaro cantando. Um pássaro voando" [Gullar sobre Nara]

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Expressão surrealista

Estou transformando as coisas na calma e na paz que sempre mereci, no samba que tentei exaustivamente batucar.Nos versos que queria colocar alma.Tem dias que levanto pela madrugada, faço um café forte e começo a ler.Tento me levar.Dai nasce uma baita vontade de colocar meus confusos pensamentos no papel.Na maioria das vezes não faz muito sentido, eu não faço sentido.Queria apenas transmitir sentimentos, um abraço apertado receber talvez.Uma vez li Guimarães dizendo que lia Lispector para a vida, sorri.Também a leio, e leio a muitos para isso. Seria menos humana, menos sensivel e bem menos colorida sem a paixão toda que  brotou pelos livros.Hoje tem show do Tibério, ele me alumeia a alma e transmite dias mais soltos.Ele vai cantar Chico, minha eterna paixão. De certo sorriei muito, estou aprendendo a fazer isso com mais espontaneidade.Os sorrisos se vão e o aroma do café também parte.O sol está nascendo, bem pequeno no horizonte.Todo inseguro, desprotegido.Acendo minhas velas para este sol, para o Rio de Janeiro que me recebe todo malandro e aconchegante, como minha terrinha no interior.Qualquer pintura retirado seria uma delimitação tola de tantas coisas boas que ando carregando e recebendo.Meu coração pequeno está colorindo-se e pintando-se em uma expressão surrealista do meu todo.

sábado, 16 de março de 2013

Tenho aprendido a viver


                                                                        "Os desafinados também têm coração" 
                                                                                      [Elis e Tom]

Tudo para mim se resume em poesia. Em palavras soltas, que teimam em formar versos e ter um som, em cada sorriso, em cada timbre. Tudo é colorido.Têm tons de todos os jeitos, de todos os santos no meu mundo.Vejo pinturas em tudo que me cerca, acho-me toda errada por isso. Sei que em cada página do Borges, de Marquéz, de Neruda, eu me encontro mais. Sou toda essência.Gosto de amores almáticos, de licores misticos. De samba bom. As águas de Março já seguem por terminar e levam consigo todo um monte de coisa boa, coisas lindas que vivi. Não é saudade. Não é medo. Tenho - mesmo que relute- aprendido a me despedir de sentimentos, de ações e, sobretudo, de pessoas. Penso que tudo que carregamos deve ser leve.Que todos os sentimentos sejam espontâneos e reais. Gosto de ombros soltos.De pés descalços. Dessas coisas simples e, por muito, piegas de que acredito. Tenho aprendido a desapegar. Rasquei as cartas passadas, as partituras de um samba que nunca mais irá tocar, os beijos de outros amores.Boas-novas sempre vêm. Acredito. Tenho aprendido a viver com Lispector e com todo aquele sol de Olinda. Não espero mais muitas coisas.Uma mãe, lá do Nordeste deste país lindo, um dia me disse que eu tenho anjos em volta da minha alma. Talvez eu realmente os tenha.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Das levezas que carrego


Estou em um quarto escuro e em poucos metros confino tudo que de mais sincero há em mim. Ouço gritos. Acredito que são os meus- meu peito está arrebentado de tanta dor, choco-me como as ondas no final da praia. Queria ter a imensidão do mar, quem sabe assim a solidão me cairia bem. Estou exausta de tanto gritar, de tanto esforço, de tantas esperanças depositadas. Tudo se desfaz em minha volta, sei que há pessoas por todo o lugar mas elas não me salvam. Ninguém me salva. Ninguém me ouve. Minha tristeza é fina e constante, como a garoa na Rua Augusta. Da Rua Augusta da cidade. Pobre, suja, podre e triste, como eu. Eu sei que é chato, mas a Augusta, a tristeza, a solidão já pertencem a mim. Não quero morrer de tanto gritar, implorando para não me afundar na próxima esquina. Não quero continuar pondo em papel tudo que não consigo explicar, não consigo entender. Queria ter um fim mais belo que de Virginia – afogada em si mesma.  Resistindo a monotonia de cada dia, tomo meu café e acredito – talvez eu apenas tente e não sinta de verdade- que o dia será doce. Mas não é. Sempre é amargo, daqueles que empurro na garganta, sem as falsas ilusões de antes. Ele desce devagar, ausente de uma dose de conhaque, ou um cigarro na mão direita. Liberto-me dos vícios, embora continue a morrer. A minha ânsia é insaciável.  Cansei de me doar – mas já cansei tantas vezes e nada fiz a respeito. Gostaria tanto de passar a receber. Nado sozinha neste mar, mas sei que apenas ando em círculos por mim mesma. Dessa maneira não há como sair daqui.  Não quero continuar afogada em minhas palavras, que pulsam enquanto saem. Parto-as como a filhos, na inútil esperança que levem consigo toda a porra. Há um samba antigo na rádio, e não tenho vontade de acompanha-lo. Tenho medo que o erro seja comigo. Talvez seja. Na Rua Augusta, enquanto continuo a caminhar, imploro por olhares companheiro, vejo-os todos perdidos. Há bares bregas, com cheiro de bebida barata e de ilusão, que resisto a não entrar, a não dançar esperando um companheiro de bebida, um poema de Bandeira, ou um amor de poucas horas. Tudo é passageiro. As cenas não se encaixam na minha cabeça, e tenho medo. Meu Deus, como eu tenho medo! Tenho medo que continuar aqui, trêmula, estática. Raquítica, mórbida, fodida. Medo de não encontrar uma mão para segurar no fim do dia. Medo de ficar sem versos. Sem coisas bonitas e sem a alma leve. Penso que aqui, no Rio, talvez eu seja feliz. Talvez um dia os santos da Bahia, decidam me abençoar – embora minha crença em algo sagrado esteja tão frágil, me perdoe. Das levezas da vida, carrego apenas um soneto de Vínicius na cabeça, uns versos de Bandeira talvez e uma música do Chico.