segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Menina-girassol

Desde pequena, Maria, foi menina-girassol. Ainda muito nova - novíssima! - preferia girassóis às pessoas - luz, de pequena clareira imóvel e só, no mundaréu de luzinhas que piscavam freneticamente. O ritmo, as luzes, os sons, atingia Maria no seu íntimo de vida. Maria, então,  cresceu enfeitiçada pelas histórias, histórias quaisquer, restinhos de agonia que frutificava junto a ela. Histórias que Zézinho contava na rua, histórias que ouvia -sempre quietinha- nos cantos. Apaixonou-se pelo silêncio confortável de quem mais observa que vive. Silêncio eterno viajante. Maria se apaixonou pelas janelas de ônibus, às vezes, pegava os maiores caminhos só para sentar nas janelas e junto ao silênico, se aproximar de sua zona eterna de conforto da imaginação. Maria se encantou por cidades calmas de ruas de ladarinho antigo em que, por vezes, sonhava ouvir suas notas como num samba antigozinho. A menina-girassol desembocava no mar - todas as manhãs! Entre automóveis e pessoas-maquinas, com tão poucos moinhos-afetos, Maria insistentemente sonhava.

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